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Shawinigan, Quebec, Canada

domingo, 21 de agosto de 2011

Festival de Balões



O festival de balões é um evento que acontece no Parc Pierre Trahan, tem diversas atividades para crianças, shows de música, performances artísticas, em um grande complexo, cercado de barraquinhas de comidas e bebidas, além de um parque de diversões. Ao lado do complexo, em um gramado enorme, chegam dezenas de caminhões que levam os balões das mais variadas cores e formatos.

A atração principal é a decolagem dos balões, que ocorre duas vezes ao dia, sempre dependendo das condições do vento, do clima e da decisão dos pilotos. Centenas de pessoas cercam o campo de decolagem e acenam para cada balão que sobe, gritam, desejam "bom vôo", como se todos se conhecessem. Os balões sobem a gosto do vento e o céu é tomado por um colorido inesquecível.

Nós resolvemos contratar um passeio em um dos balões e, por azar ou por sorte, nosso piloto resolveu não voar, alegando que as condições de vento não eram muito favoráveis, embora a organização do evento tenha liberado as decolagens. Senhor grizalho, demonstrando bastante experiência, nos explicou, num inglês carregado, que já teve uma péssima experiência ao decolar com o mesmo friozinho no estômago que estava sentindo naquele momento e não iría repetir a experiência. Mas naquele momento, já havia mais de 20 balões no céu e fomos tomados por um sentimento de frustração, apesar de sabermos que ele estava sendo cuidadoso e seguindo sua intuição (ou seu estômago).

Resolvemos recorrer à organização do evento e solicitarmos um outro piloto, já que em meio a tantos pilotos, parece que só o nosso decidiu não arriscar. Já estávamos no limite das decolagens, que têm um horário máximo permitido, por conta do por do sol. Então, um dos organizadores, nos levou em um carrinho elétrico, em uma busca contra o tempo, por um balão onde ainda houvesse espaço para dois passageiros (cada um leva no máximo 6 pessoas). Percorremos o campo todo, todos os balões já estavam com a lotação completa e chegamos a avistar um subindo com somente um passageiro, mas já estava há 10 metros do chão... até que... lá estava o número 22, sendo inflado... era a última opção, já estávamos desiludidos... MAS O 22 SÓ TINHA UM PASSAGEIRO!!! Assinamos os termos de responsabilidade às pressas e lá fomos nós.

A subida de um balão é muito mansa e muito rápida. Lá de cima, só se ouve o barulho do gás impulsionando gradativamente a cesta, cada vez mais alto. Pegamos um por do sol lindo, sobrevoamos plantações de soja, milho, maçãs, abóboras e o vôo durou 35  minutos.
O piloto era divertidísso e quando sobrevoávamos as casas das redondezas, as pessoas acenavam lá de baixo, as crianças corriam para gritar "Bon Voyage!!!" e acompanhavam nosso trajeto, enquanto o piloto cumprimentava todos como se fossem de sua família, pedindo licença para atravessar sobre algumas residências.

Devido às condições climáticas não muito favoráveis, o vôo foi rasante, durante algum tempo. Em muitos momentos, passávamos muito rente ao topo árvores mais altas, provocando choque do cesto com os galhos. Na primeira vez que isso aconteceu, ficamos apreensivos, mas como o cesto nem balançou, relaxamos e aproveitamos o visual.

A aterrissagem foi o único momento tenso, pois a cesta bate no chão algumas vezes antes de estabilizar e todos os passageiros precisam cooperar nesse momento. Mas o piloto passou muita tranquilidade e descemos num campo de uma fazenda cujo dono (assim como todos na região) está acostumado a receber os baloeiros em troca de algum mimo ou pagamento em dinheiro. Esses "mimos" fazem com que todos os fazendeiros da região esperem ansiosamente pelo festival de balões!

Quando achávamos que o passeio havia acabado, percebemos que estávamos um pouco enganados. Naquele "campo de pouso", a família do piloto já nos esperava para recolher o balão e nos levar de volta ao parque. Mas o recolhimento do balão é um show a parte. Um exercício de trabalho em equipe e bom humor, principalmente quando o genro do baloeiro põe-se a rolar sobre a lona, para tirar todo o ar,  facilitando a dobragem. Depois de ajudarmos a guardar o balão, em meio a mosquitos gigantes e à escuridão que se aproximava, entramos na van e seguimos rumo ao ponto de partida porém, uma parada no meio do caminho  para O BATISMO.

O piloto e sua familia montaram uma mesa de pique-nique, abriram um espumante de maçã, sem álcool, fabricado na região e nos brindaram pelo nosso primeiro vôo de balão . Foi a presepada mais inesquecível e divertida da qual já participamos, com direito a corôa de mato e pingadinha de espumante na testa...

No caminho para o parque, conversamos um pouco com a família, super falante e brincalhona, parecia um monte de brasileiros. Os baloeiros geralmente trabalham em família e o clima é de uma fraternidade gratificante. Nesses momentos, a gente agradece por estar nesse planeta, na forma de ser humano.

Chegamos no parque atrasados para a apresentação noturna dos balões que não sobem, apenas são acesos para exposição e o visual no campo com tantos balões acesos é incrível, mas com o vento atrapalhando, a apresentação foi suspensa e os balões recolhidos.

Com isso, fechamos a noite assistindo um pedacinho do show que estava acontecendo, de um artista local, e podemos dizer que foi mais uma experiência inesquecível, não só pelo passeio e pelo evento, mas pelas pessoas que conhecemos, e que nos mostraram como o trabalho e a cooperação em família podem ser agradáveis.

Fica nosso agradecimento ao piloto Daniel Davignon e sua família, e também, mais uma vez à querida Ana Mayerhofer pela dica do evento.




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