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Shawinigan, Quebec, Canada

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O professor pensou que éramos traficantes

É mesmo muito engraçada a maneira como as pessoas passam pelas nossas vidas. Entre dezenas de cursos que pesquisamos aqui no Quebec, nos deparamos com um professor particular que passou muita confiança sobre seu método de ensino durante a primeira entrevista e, pelo preço, aliado aos nossos objetivos, foi o escolhido. Nunca poderíamos imaginar que esse cara seria um professor de inglês e de vida.

Durante 5 meses, conhecemos um pouco da vida dele e ele, da nossa. Nossa preferência era gastar o tempo de conversação, falando sobre as diferenças entre Brasil e Canadá, e vê-lo se divertir com nossas histó
rias sobre carnavais, lugares maravilhosos, personagens da nossa política e da nossa mídia, as artes, os costumes brasileiros... tanto que ele não vê a hora de conhecer o Rio de Janeiro.

Descobrimos nesse cara uma força e uma energia muito inspiradora. Afinal não é qualquer um que, aos mais de 60 anos, corre maratonas, pratica triátlon, superou três cirurgias contra câncer, foi consultor de negócios de grandes empresas, deu aula pra todo tipo de gente, inclusive traficantes de crianças, investigadores do governo, psicólogos de pedófilos, presidiários, árabes, chineses, franceses, indianos...  e ainda mantém, além do curso de inglês e francês, uma instituição especializada em novas idéias, através da qual, presta consultoria para inventores e empresários do Canadá e EUA.

Diante de todas as figuras com as quais ele já se deparou na vida, nosso primeiro encontro foi uma experiência engraçada para ele, e que só fomos saber meses depois de iniciado o curso.
Acontece que quando chegamos, não tínhamos segurança de falar em inglês por telefone, então todas as ligações eram feitas pelo pai do Daniel, que marcava nossas entrevistas com os cursos. E sempre íamos para as entrevistas acompanhados de alguém, afinal, não conhecíamos nada por aqui. Calhou de conhecermos nosso professor acompanhados do irmão do Daniel, que é fluente em francês e inglês e poderia nos dar uma forcinha com a conversa.

Alguns meses depois, nosso professor nos contou que achou que nos fôssemos da MAFIA LATINA.
Imagine a situação. O cara recebe a ligação de uma pessoa para agendamento da entrevista para um terceiro. Esse terceiro chega acompanhado de seu irmão (nada comunicativo) que é brasileiro, mas mora no Canadá. Esse mesmo terceiro é canadense, mas mora no Brasil e não fala inglês, nem francês. Na hora de pagar, ele prefere pagar tudo em dinheiro vivo, porque não tem conta corrente no Canadá, nem cheque. Quando pergunta qual é a profissão de seus futuros alunos, descobre que a esposa do cara trabalha com segurança e eles precisam voltar em 6 meses... Eles conversam em português entre si, durante a entrevista e quando ele pergunta ao irmão sobre o que o casal estava falando, ele responde: “Ela sabe atirar”... Bem... Ele pensou: “Quem serão essas pessoas? Serão traficantes de drogas, trazendo seu cartel para Quebec?”... Passamos muito tempo rindo disso, muito mais pelas caras e bocas do professor e da sua grande vocação para comediante, do que pelos fatos em si. Ele também tentou ser comediante quando mais jovem, mas se apaixonou primeiro e acabou não engajando-se nesse objetivo por conta do primeiro casamento, mas isso já é outra histó
ria...

 
Depois de 5 meses o chamando de Garry Nollan, descobrimos semana passada, durante um agradabilíssimo jantar de despedida, que o nome correto é Gary Nolan. Ele esperou até o último momento para nos corrigir, provocando mais gargalhadas.




Estamos muito satisfeitos com os resultados do curso, não só pela evolução com o idioma, mas por tudo que aprendemos sobre relações humanas, preconceito, evolução, política, negócios, humor, o que é fácil, o que é difícil, convivência, religião, cultura... peculiaridades da humanidade... tudo isso estava incluído no pacote e não há preço que pague.

Obrigado, Gary Nolan. Nos veremos em breve, quando você visitar o Rio.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Liquid Cocaine??

Atendendo a pedidos, contaremos qual é o estilo da boate Canadense...

No último fim de semana, conhecemos a boate Moomba, que fica no Centropolis de Laval, um centro comercial com muitos bares, restaurantes e vida noturna interessante.


Assim como tudo no Canadá, as boates de Quebéc seguem uma série de regras que não são impostas no Brasil. A mais marcante para nós é que toda casa noturna é proibida de vender bebida alcoólica após às 3h da manhã, com isso, esse é o horário que a maioria das casas fecham. Quem quiser continuar bebendo, que vá para sua casa (e sem trafegar com bebida pela rua, que também é proibido). Tomar uma latinha na calçada, nem pensar.

Na porta da Moomba, rola a tradicional fila, mesmo que a casa não esteja cheia e isso também é uma prática comum no Brasil, serve para dar a impressão de que a casa tá bombando! Quando chegamos, havia umas 10 pessoas aguardando para entrar, mas os seguranças liberaram nossa entrada assim que chegamos. Pensando no critério que os levaram a nos fazer furar a fila, chegamos à dedução de que eles dão preferência a frequentadores mais, digamos, maduros, já que a faixa etária da galera que estava aguardando não untrapassava os 25 anos.



Do lado de dentro, alta tecnologia na iluminação, com televisores mostrando o logo "Peace, Love and Moomba", ambiente muito descolado e clima lounge de restaurante. Após a meia noite, os funcionários recolhem todas as mesas e cadeiras do recinto que se transforma na pista de dança.



A faixa etária é de 30 anos e as músicas são eletrônicas do início ao fim, mas sem o "tu tchi tum" irritante das festas haves. Lá pelas 2h, eles servem uma bebida com gosto de perfume, que não identificamos do que se tratava... mas de graça, né? Só não desce acetona, que tira o esmalte dos dentes... E eles são muito criativos com os drinks, provamos o Smirnoff Ice misturado com um tipo de groselha e o "liquid cocaine", com ritual de beber, tipo tequila. Mas nesse caso, você vira o copinho, espera três segundos e depois engole, pra finalizar, inspira profundamente pela boca, fazendo biquinho... o gosto mais forte que fica é o da canela, mas não pergunte o que mais tinha alí... 

O banheiro feminino foi uma atração à parte. Além de vários produtos de beleza disponíveis para livre utilização das frequentadoras, havia um homem que se encarregava de entregar o papel toalha à meninas... Agora você imagina acabar de fazer xixi e dar de cara com um homem dentro do banheiro feminino... no mínimo, inconveniente. Mas a presença dele alí previne uso de drogas dentro do banheiro, pelo bem, pelo mal, melhor que ele fique lá...

Se fôssemos escolher uma boate no Rio para comparar à Moomba, citaríamos a The Week, no centro, pela decoração e pelas músicas.

Quase não se vêem turistas, mas tocaram músicas de toda parte do mundo e em um certo momento, ouvimos em rítmo da mais autêntica batida eletrônica: "Vô na TIMBALADA OIÁ!!"... além do Kuduro português...

Valeu a noite!

sábado, 10 de setembro de 2011

E o que fazer com todas essas maçãs?

Mesmo numa casa com cinco pessoas, não conseguiremos comer todas as maças colhidas (post anterior), mesmo que guardadas na geladeira. Resolvemos sondar com alguns amigos canadenses o que é de costume se fazer com as maçãs, além das tortas que já comemos quase um caminhão inteiro :)


Muitas dicas recebidas, mas uma chamou bastante a nossa atenção, "Purê de Maçãs". Um acompanhamento bem diferente do nosso tradicional feijão e arroz.

Existem muitas receitas escritas em português na busca do Google, o que ajudou para fazer a base, mas acabamos não seguindo nenhuma delas a risca. Todas as receitas que lemos usa as maçãs descascadas, mas para dar um ar mais artesanal, resolvemos deixar a casca e não bater no liquidificador. Outro padrão encontrado nas receitas foi que o purê de maçãs deve ser o acompanhamento de uma costela ou qualquer parte de carne suína, no nosso caso acompanhou um saboroso salmão na churrasqueira.

Para 04 pessoas são suficientes 06 maçãs de tamanho médio.



Cortamos em pedaços pequenos para a casca não ficar muito grande quando se soltar da polpa da maça.


É muito fácil de fazer, veja os passos:

1. Em fogo médio, coloque na panela 03 colheres de manteiga. Deixe a manteiga derreter e após, acrescente as maçãs e mexa por 5 minutos.

 
2. Após os 05 minutos, adicione uma colher de azeite extra virgem, uma colher pequena de sal e uma pitada de pimenta. Mexa por 02 minutos.


3. Adicione uma xícara pequena de vinho branco e mexa por uns 03 minutos. Tampe a panela e deixe cozinhar por mais 10 minutos, dê uma mexida de vez em quando, espere criar a consistência de um purê de batatas comum e desligue o fogo.

 

4. Você não esta fazendo uma comida comum, não deixe o purê na panela, coloque num recipiente que possa ir à mesa.


5. Devore .... Bom apetite ... Após os 20 minutos da receita você tem um acompanhamento delicioso e bem diferente para seus pratos preferidos.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Colheita das maçãs


No Quebec, é uma tradição a colheita anual de maçãs. Famílias inteiras se reúnem para ir até um pomar, pagam pelos sacos e podem colher (e comer) o quanto aguentarem. 


O dia que fomos, estava ameaçando chover e fazia mais ou menos 17 graus. Foi bastante agradável, porque fazer isso sob sol seria cansativo... Uma experiência interessante. No pomar onde fomos, "Les Vergens Lafrance", há uma boa estrutura para piqueniques e uma mini-fazenda, passeio ótimo para crianças.


 

Nesse pomar, assim como em  toda boa atração turística, há uma loja de souvenirs, onde vende-se tudo de maçã, suco, vinho, geléia, torta, doces etc. Destaque para a cidra feita com as maçãs congeladas no inverno, que tem um sabor diferente de tudo que já provamos.

Mais um belo passeio, agora com gostinho de despedida...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Reta Final


Uma balança 
(Por Lenna)


Saudade e realização. Provação e experiência. Obstáculos e fortalecimento.
Esses cinco meses foram intensos , produtivos, cheios de novidades e uma fase importante de minha vida, pela qual sou grata a todos que nos apoiaram, de perto e de longe. Foi um grande exemplo de que fazer escolhas nem sempre é fácil. Conhecer uma nova cultura, um novo idioma e pessoas novas, significou abrir mão de conviver com aqueles que amo, abrir mão da minha zona de conforto e arriscar. Poderia dar tudo errado. Mas eu  só sabería se tentássemos.

Enquanto estive aqui, aprendi ainda mais o valor de uma verdadeira amizade, porque quando a gente não tem, entende o quanto faz falta. O engraçado foi retomar várias antigas amizades através da internet. Talvez isso não acontecesse se eu não ficasse horas na internet, que é por onde eu consigo estar próxima de todos.

Aprendi um novo idioma, aprendi a correr. Aprendi a cortar a grama e a fazer biscoitos de amendoim. Aprendi que odeio frio e pimentão. Aprendi a usar lavadora e secadora. Aprendi que ser paciente não é tão difícil. Aprendi a fazer marshmallow na fogueira e a remar no lago. Aprendi muito mais sobre mim.

Chego à conclusão de que a vida é simples e complicada. E que pra ser feliz, é fundamental ousar, mudar, experimentar e, acima de tudo, não desperdiçar nenhuma oportunidade de demonstrar seu carinho, sua gratidão, sua solidariedade, seu amor ao próximo, (principalmente, os mais próximos) e ao mundo.  Simples e complicado.

Daqui a 28 dias, estaremos novamente ao lado de tudo aquilo que resolvemos abrir mão por 6 meses. Teremos uma nova perspectiva profissional, novos objetivos, como se a vida se renovasse e nos mostrasse mais um degrau, mais uma via, rumo ao crescimento.

A saudade é muito forte. Mas cada segundo valeu a pena. E saber que logo estaria de volta, foi a força que eu precisava para equilibrar a balança.