O corpo se adapta. Esse é o resumo
desses dois meses e meio e seria a resposta mais completa para o que todos nos
perguntam: como estão se adaptando ao
frio? Sempre a primeira pergunta de
qualquer conversa com quem está no Brasil: tá
muito frio aí?
Quando saímos do Rio, a temperatura
girava em torno de 35 graus e aqui já estava em torno de -3. Ainda não tinha
nevado e o frio que se sente nessa transição brusca é de doer o osso. Nossa
tentativa frustrada de mudança durante o verão Canadense seria a melhor maneira de
adaptação ao clima e no fim deste post, ficará claro o porquê. Devido a
circunstancias do processo de imigração, em conjunto com nossas condições
profissionais e financeiras, nossa viagem de mudança coincidiu com o início do
inverno Canadense, quando as temperaturas são bem agressivas para quem mora no
Brasil, especialmente no Rio.
O nariz sangra, a alergia ataca, a
pele resseca, o cabelo cai, a unha quebra, o lábio racha... Como já sabíamos de
tudo isso, nossa farmacinha estava bem municiada de soro, antialérgico,
hidratante de pele e cabelo, tratamento de manicure, e muita, mas muita
manteiga de cacau... a mudança brusca de temperatura ainda vem acompanhada da
diferença de umidade do ar. Como os ambientes fechados são todos climatizados,
aquecidos, o ar fica muito seco, com isso, os umidificadores de ambiente também
foram agregados a todas as quinquilharias de adaptação.
Começa a nevar. Eh! Vai ter natal
com boneco de neveeee!!! Realmente, natal com neve é delícia. Lareira, pinheiros
naturais, casas iluminadas, uma fofura só. Mas a neve vem acompanhada de alguns
brindes e quem não tem ideia do dia a dia de quem vive na cidade nevada pode se
decepcionar muito com o clima (não é nosso caso).
Antes de qualquer coisa, a roupa e
o sapato. Para isso, existem os Outlets! Estes merecem um post exclusivo mais a
frente, e foi lá que montamos nosso enxoval de inverno assim que chegamos. Se a
roupa está adequada ao clima, pode estar fazendo -20 que você vai lidar bem.
Outra coisa que acompanha a neve é o risco de acidentes, desde quedas e tombos
simples a engavetamentos de veículos nas estradas, principalmente quando chove
e faz frio na sequencia, pois a rua vira uma pista de patinação, no sentido
mais literal da expressão. No caso, estamos substituindo o velho risco de
assaltos no Rio pelo risco de trombar no veículo canadense alheio ou cair de
bunda no gelo. Fair enouth.
Há outros inconvenientes da neve,
tanto para quem vai caminhar, quanto para quem vai dirigir. Caminhar exige atenção
e dirigir exige também um pouco mais de tempo para tirar a neve que acumula
sobre o carro. Rotina cansativa para quem não tem garagem coberta e também pode
decepcionar os desavisados.
A rotina da cidade não muda, tudo funciona normalmente, o transito fica um pouco mais lento, os centros subterraneos ficam mais movimentados e tirar a bota para entrar na sala de espera do dentista é comum. O lado bom dessa nevarada toda são
as brincadeiras e os esportes. As crianças não sentem frio. Vários pontos do
bairro se transformam e tobogãs gelados que lotam nos fins de semana de
crianças empacotadas nos trajes de neve e brincam como se estivessem na areia do
baixo bebê da praia do Leblon, além das pistas abertas e muito bem estruturadas
para patins e as estações de esqui. Outro tema que deve render um post
separado...
Depois de encaramos -21 com
sensação de -26, o corpo passa a entender que -5 é agradável. Isso me
impressionou de verdade porque quando me falavam, eu não entendia, mas a
natureza é muito incrível. Nunca imaginei que sairia na rua com 1 grau de temperatura
e pensaria: hoje tá bom pra uma
corridinha... O processo de adaptação é natural quando passamos por
temperaturas extremamente baixas e retornamos ao clima mais ameno. O inverso também
procede. Por isso, chegar durante o verão é uma opção melhor para a adaptação à
queda gradativa de temperatura.
Aproveitemos!
Au revoir!